domingo, 21 de novembro de 2010

Novas regras para os “grooves”


Quando falamos das novas regras para os “grooves”, três perguntas se impõem:

Porquê? Para quê? Para quando?

Porquê?
Em Maio de 2002, a USGA e a Royal & Ancient (R&A) emitiram uma declaração de princípios conjunta, onde enfatizaram que novas regras a serem implementadas, têm como finalidade prevenir o excessivo uso de tecnologia no material de golfe, em detrimento da habilidade dos jogadores. Assim, queriam assegurar que cada vez mais, a destreza e a habilidade dos jogadores, serão os factores chave do jogo de golfe.
A 27 de Fevereiro de 2007, os organismos reguladores do golfe, lançaram novos limites no que respeita a volume e ângulos dos cantos dos “grooves”, aplicáveis a ferros e wedges. A 5 de Agosto de 2008, a USGA e a Royal & Ancient anunciaram uma nova regra que passará a restringir ainda mais o volume e ângulos dos cantos dos “grooves”, aplicável a todos os tacos (excluindo Drivers e Putters), com loft de 25º ou superior (normalmente a partir de um ferro 5 standard, inclusive).



Para quê?
O primeiro objectivo desta mudança de regras, visa trazer ao jogo do golfe, mais habilidade natural e maior destreza no manuseamento do material. Consequentemente, mais espectáculo, levando a que o jogo se torne, em particular para os jogadores do Tour, mais desafiante, em especial dos roughts. Estudos levados a cabo pela USGA e a Royal & Ancient, demonstraram que as modernas configurações dos “grooves” (de maior volume e mais anguladas, ao contrário dos antigos “V grooves”), permitem aos jogadores gerar mais spin do rougth do que dos farways. Assim, a precisão do shot, é substituída pela ajuda “excessiva” do material.


Para quando?
A calendarização de implementação das novas regras é a seguinte:
No primeiro dia de Janeiro de 2010 entraram em vigor as novas regras, mas só para os profissionais do Tour e dos Majors. Esses profissionais, já estão a jogar com os novos “grooves”.
As marcas, a partir de 1 de Janeiro de 2010, em todos os novos modelos que conceberem e produzirem, já têm de aplicar as novas regras.

A partir de 1 de Janeiro de 2011, as marcas não podem vender aos retalhistas, material com especificações de “grooves”, que não se enquadrem nas novas regras. Contudo, os retalhistas, podem continuar a vender aos golfistas, material que tenham em stock, com as especificações de “grooves” antigas.

A partir de 1 de Janeiro de 2014, a regra entra em vigor para todos os profissionais e Campeonatos Nacionais Amadores.

Por fim, a partir de 1 de Janeiro de 2024, as novas regras dos “grooves” são aplicáveis a todos os jogadores de golfe, independentemente do seu nível de jogo, handicap, ou formato de jogo.


Mas em que consistem as novas regras?

As novas regras baseiam-se em dois pressupostos. O primeiro, reduzir cerca de 25% o volume actual da cavidade do “groove” (para uma área seccionada de 0,0763 mm2/mm). O segundo, arredondar os cantos actualmente angulados dos “grooves”, tornando-os mais “redondos” (um raio mínimo de 0,254 mm).
Com estas novas regras, os jogadores vão ter necessidade de jogar mais estrategicamente do rought para o green. Os níveis de spin gerados, serão significativamente menores, fazendo com que não seja tão fácil parar a bola. Isto levará também, a que os campos sejam preparados de outra forma, para os grandes Torneios, pois a colocação de bandeiras, será um elemento chave, nos resultados obtidos e por consequência, na forma de jogar.

Mas estas alterações não foram consensuais. Vozes como a de John Solheim (Presidente e Director Executivo da Ping Golf), levantaram-se contra a implementação desta nova regra. O Presidente da Ping, não achava necessária esta alteração. Além de trazer imensos custos à Indústria do Golfe, a mesma vem somente satisfazer a necessidade de um pequeno número de jogadores, em detrimento de milhões de outros (Amadores), cujas suas necessidades, não se enquadram nesta nova norma. Outros há, que pensam que esta regra vem devolver alguma igualdade ao jogo, mas também muitos pensam que a diferença não será assim tão grande.



Ainda é cedo para tirarmos conclusões, mas o certo é que nos primeiros Torneios do Tour de 2010, os números “vermelhos”, continuam com níveis de grandeza que não parecem exprimir a alteração efectuada.


Na prática, como é que os amadores vão ser afectados?

Nós amadores, precisamos em primeiro lugar, de toda a ajuda que possamos conseguir. O golfe faz parte da nossa vida, mas não é “a nossa vida”. Como tal, temos até 2024, para utilizar os materiais com os “grooves”, dentro das especificações que temos vindo a utilizar. A pensar nisso, as marcas lançaram antes de 31 de Dezembro de 2009, diverso material e em particular wedges, com “grooves” ainda mais afiados. Se não vejamos: Cleveland CG15, Nike Victory Red, Callaway Jaw, entre outros. Estes alguns dos exemplos, de wedges, concebidos dentro dos limites permitidos até 31 de Dezembro de 2009, mas tirando todo o partido da regra. “Mordem” literalmente a bola, gerando um “spin” que ajuda e em muito o jogador a pará-la no green.

Porém e a pensar nos mais “puristas” as marcas também já disponibilizam no mercado, wedges com as novas especificações, como o caso dos Titleist Vokey Spin Milled C-C.

Contudo não esqueça, que o golfe já por si é difícil para não aproveitarmos toda a ajuda que possamos tirar do material à nossa disposição.

Com ou sem “grooves” dentro das novas especificações, o importante é jogarmos este desporto, que tanto nos apaixona.


Boas tacadas!!!!!!
Fernando Serpa

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